O
procedimento pré-operatório da redução do estômago é cercado de uma equipe
multidisciplinar: psicólogo, nutricionista, endocrinologista e cirurgião. O
paciente tem que cumprir várias etapas, várias sessões com a psicóloga, que
avalia o grau de comprometimento e maturidade com o procedimento que se está
prestes a ser realizado e a sua relação com a comida. Com a nutricionista é
conversado e explicado como o organismo vai se comportar após a cirurgia, o que
pode comer, a quantidade e como comer!
Na
4ª sessão com a psicóloga cheguei toda torta, chorei muito durante a consulta, dizendo
que não aguentava mais aquela vida e todo aquele sofrimento. A psicóloga se
compadeceu do meu estado e me deu o laudo afirmando que eu estava apta para
suportar o tratamento. A nutricionista idem: entregou-me toda a dieta alimentar
que eu teria que fazer, após a cirurgia. Depois fui a endocrinologista, por
conta do hipotireoidismo, a fim de juntar mais um laudo para ter a autorização
do plano de saúde. Ou seja, além da obesidade mórbida eu tinha vários
complicadores, como o hipotireoidismo, as hérnias de disco, fascite plantar e
distrofia de sudeck, chamadas pelos médicos de comorbidades.
Durante
essa varredura de exames e consultas médicas, o que mais me deixou perplexa foi
que encontrei várias mulheres, nos consultórios, sem nenhum problema de saúde, que
estavam fazendo dieta para engordar,
a fim de entrar no índice de massa
corporal exigido, para se submeterem a cirurgia de redução de estômago! Tudo em
nome do corpo perfeito! Como pode? Se eu pudesse fazer exercícios físicos e não
tivesse o hipotireoidismo, com certeza absoluta nunca teria feito essa
cirurgia.
Quando o plano de saúde autorizou levei todos
os exames e laudos para o médico cirurgião. Fui atendida por um médico muito
conceituado no Rio de janeiro, já que na cidade de Araruama não existe um
centro cirúrgico, com suporte capaz de atender as exigências para esse procedimento.
O
médico me deu uma relação com as intercorrências que poderiam e ainda podem
ocorrer na cirurgia e pós-cirurgia, juntamente com uma espécie de autorização
do responsável e ciência de todos os termos. As intercorrências:
1-DURANTE A CIRURGIA:
-LESÃO
DO BAÇO (acarretando esplenectomia): “A
esplenectomia é uma intervenção cirúrgica que consiste na extração do baço, um
órgão que, entre outras funções, destrói os glóbulos vermelhos envelhecidos.
Esta operação costuma ser indicada quando se produz uma ruptura do baço, como
consequência de acidentes, com importantes traumatismos na zona abdominal, o
que pode provocar hemorragias muito intensas que podem pôr a própria vida da
vítima em perigo, pois a sua reparação é extremamente difícil.”
-LESÕES
VASCULARES
-LESÕES
INTESTINAIS
-
HEMORRAGIAS
-COMPLICAÇÕES
ANESTÉSICAS
-COMPLICAÇÕES
RESPIRATÓRIAS E DE OUTROS ÓRGÃOS E SISTEMAS
-COMPLICAÇÕES
DERIVADAS DO USO DOS GRAMPEADORES CIRÚRGICOS
2-APÓS A CIRURGIA PODEM
OCORRER:
-INFECÇÕES
(DA PAREDE ABDOMINAL, INTRA-ABDOMINAL, PULMONAR, URINÁRIA E DE OUTROS ÓRGÃOS E
SISTEMAS)
-PANCREATITE
-GASTRITE
-ÚLCERA
-HEPATITE
-TROMBOSE
VENOSA PROFUNDA
-EMBOLIA
PULMONAR
-FÍSTULAS
DIGESTIVAS
-HÉRNIAS
-ALTERAÇÕES
DIGESTIVAS
-MAL-FORMAÇÕES
FETAIS OU ABORTOS ESPONTÂNEOS, EM CASO DE GRAVIDEZ ANTES DE DECORRIDOS 02 ANOS
DO PÓS-OPERATÓRIO
-OBSTRUÇÃO
GÁSTRICA – ESTENOSE DA GASTRO-JEJUNO ANASTOMOSE
-DEPRESSÃO
-ÓBITO.
OBSERVAÇÃO
DESCRITA NO TERMO DE CONSENTIMENTO E CONSCIENTIZAÇÃO DOS RISCOS E CONSEQUENCIAS
DA CIRURGIA DA OBESIDADE:
“Os
itens mencionados acima correspondem a complicações pertinentes à cirurgia de
grande porte e não apenas relacionadas com a cirurgia da obesidade. Sabe-se que
o paciente obeso portador de comorbidades, por si só já eleva o grau do risco
cirúrgico. O índice de mortalidade destas cirurgias é em torno de 1,5%, o que
pode variar de acordo com cada caso. Devido a esses riscos, são tomadas uma
série de precauções, assim como um estudo minucioso do paciente através de
exames complementares exaustivos”.
Meu
marido na ocasião não quis assinar a autorização, ficou assustado. Quem assinou
foi meu filho mais velho e minha irmã. Confesso
que dá medo. A gente vai e não tem nenhuma garantia, se volta. Se voltar, ainda
podem ocorrer vários problemas pós-cirúrgicos. Mas no meu caso, era: ou faz ou
faz!!!
Os
exames pré-operatórios vão desde os de praxe, como: sangue, fezes e urina, até
ultrassonografia de abdômen total, RX do tórax, eco doppler dos membros
inferiores, risco cirúrgico, teste pulmonar, dentre outros.
Estando
de posse de todos os exames, laudos, estando tudo ok, marca-se a cirurgia.
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