segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O PRÉ-OPERATÓRIO


 

O procedimento pré-operatório da redução do estômago é cercado de uma equipe multidisciplinar: psicólogo, nutricionista, endocrinologista e cirurgião. O paciente tem que cumprir várias etapas, várias sessões com a psicóloga, que avalia o grau de comprometimento e maturidade com o procedimento que se está prestes a ser realizado e a sua relação com a comida. Com a nutricionista é conversado e explicado como o organismo vai se comportar após a cirurgia, o que pode comer, a quantidade e como comer!

Na 4ª sessão com a psicóloga cheguei toda torta, chorei muito durante a consulta, dizendo que não aguentava mais aquela vida e todo aquele sofrimento. A psicóloga se compadeceu do meu estado e me deu o laudo afirmando que eu estava apta para suportar o tratamento. A nutricionista idem: entregou-me toda a dieta alimentar que eu teria que fazer, após a cirurgia. Depois fui a endocrinologista, por conta do hipotireoidismo, a fim de juntar mais um laudo para ter a autorização do plano de saúde. Ou seja, além da obesidade mórbida eu tinha vários complicadores, como o hipotireoidismo, as hérnias de disco, fascite plantar e distrofia de sudeck, chamadas pelos médicos de comorbidades.

Durante essa varredura de exames e consultas médicas, o que mais me deixou perplexa foi que encontrei várias mulheres, nos consultórios, sem nenhum problema de saúde, que estavam fazendo dieta para engordar, a fim de entrar no índice de massa corporal exigido, para se submeterem a cirurgia de redução de estômago! Tudo em nome do corpo perfeito! Como pode? Se eu pudesse fazer exercícios físicos e não tivesse o hipotireoidismo, com certeza absoluta nunca teria feito essa cirurgia.

  Quando o plano de saúde autorizou levei todos os exames e laudos para o médico cirurgião. Fui atendida por um médico muito conceituado no Rio de janeiro, já que na cidade de Araruama não existe um centro cirúrgico, com suporte capaz de atender as exigências para esse procedimento.

O médico me deu uma relação com as intercorrências que poderiam e ainda podem ocorrer na cirurgia e pós-cirurgia, juntamente com uma espécie de autorização do responsável e ciência de todos os termos. As intercorrências:

1-DURANTE A CIRURGIA:

-LESÃO DO BAÇO (acarretando esplenectomia): “A esplenectomia é uma intervenção cirúrgica que consiste na extração do baço, um órgão que, entre outras funções, destrói os glóbulos vermelhos envelhecidos. Esta operação costuma ser indicada quando se produz uma ruptura do baço, como consequência de acidentes, com importantes traumatismos na zona abdominal, o que pode provocar hemorragias muito intensas que podem pôr a própria vida da vítima em perigo, pois a sua reparação é extremamente difícil.”

-LESÕES VASCULARES

-LESÕES INTESTINAIS

- HEMORRAGIAS

-COMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS

-COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS E DE OUTROS ÓRGÃOS E SISTEMAS

-COMPLICAÇÕES DERIVADAS DO USO DOS GRAMPEADORES CIRÚRGICOS

2-APÓS A CIRURGIA PODEM OCORRER:

-INFECÇÕES (DA PAREDE ABDOMINAL, INTRA-ABDOMINAL, PULMONAR, URINÁRIA E DE OUTROS ÓRGÃOS E SISTEMAS)

-PANCREATITE

-GASTRITE

-ÚLCERA

-HEPATITE

-TROMBOSE VENOSA PROFUNDA

-EMBOLIA PULMONAR

-FÍSTULAS DIGESTIVAS

-HÉRNIAS

-ALTERAÇÕES DIGESTIVAS

-MAL-FORMAÇÕES FETAIS OU ABORTOS ESPONTÂNEOS, EM CASO DE GRAVIDEZ ANTES DE DECORRIDOS 02 ANOS DO PÓS-OPERATÓRIO

-OBSTRUÇÃO GÁSTRICA – ESTENOSE DA GASTRO-JEJUNO ANASTOMOSE

-DEPRESSÃO

-ÓBITO.

OBSERVAÇÃO DESCRITA NO TERMO DE CONSENTIMENTO E CONSCIENTIZAÇÃO DOS RISCOS E CONSEQUENCIAS DA CIRURGIA DA OBESIDADE:

“Os itens mencionados acima correspondem a complicações pertinentes à cirurgia de grande porte e não apenas relacionadas com a cirurgia da obesidade. Sabe-se que o paciente obeso portador de comorbidades, por si só já eleva o grau do risco cirúrgico. O índice de mortalidade destas cirurgias é em torno de 1,5%, o que pode variar de acordo com cada caso. Devido a esses riscos, são tomadas uma série de precauções, assim como um estudo minucioso do paciente através de exames complementares exaustivos”.

Meu marido na ocasião não quis assinar a autorização, ficou assustado. Quem assinou foi meu filho mais velho e minha irmã.  Confesso que dá medo. A gente vai e não tem nenhuma garantia, se volta. Se voltar, ainda podem ocorrer vários problemas pós-cirúrgicos. Mas no meu caso, era: ou faz ou faz!!!

Os exames pré-operatórios vão desde os de praxe, como: sangue, fezes e urina, até ultrassonografia de abdômen total, RX do tórax, eco doppler dos membros inferiores, risco cirúrgico, teste pulmonar, dentre outros.

Estando de posse de todos os exames, laudos, estando tudo ok, marca-se a cirurgia.

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